paulo miranda

Considerado pela crítica especializada de Minas Gerais, como um dos mais importantes artistas plásticos mineiros em atividade.

Utiliza em suas obras o papel, a lona e o pigmento natural, como referencia evolutiva do seu trabalho.

+sobre o artista

Paulo Miranda propõe uma pintura de paisagem que estabelece um duplo movimento: ela se constrói e se deixa construir. As telas sugerem algo e, em igual medida, nos provocam a imaginar outras tantas. Diante desses horizontes abertos, de dimensões heróicas e atmosferas brumosas, envoltas em sombras que tanto podem existir ao cair da noite ou ao alvorecer, no rescaldo tisnado de carvão e fumaça de um incêndio ou na lenta trajetória da luz vencendo a noite e delineando terra, água e céu, somos levados a perceber formas que mais nos interrogam do que afirmam. O que vemos pode mudar diante de nossos olhos.

Estamos em um território que espelha uma das marcas definidoras do nosso tempo: a incerteza. Uma temática urgente empregada em um dos meios artísticos paradoxalmente mais resilientes e seculares: a pintura. Algo que de imediato nos entrega a única certeza que teremos: estamos diante de uma obra competente, em que o autor se revela em pleno domínio do ofício. Com carga poética de alta voltagem, garantia de que não estamos vendo meros exercícios estéreis de virtuosismo.

Não há mais representações definitivas. Estamos nos movendo em um mundo que também se move e nos escapa. A lógica aristotélica que fixava explicações abrangentes e duradouras há muito tempo não dá mais conta deste aqui e agora voraz e veloz em que estamos mergulhados. O desafio é construir, com os estilhaços das certezas, algumas realidades contingentes, cambiantes. São fragmentos de quebra-cabeças que jamais se completarão porque funcionam como sistema aberto, gerando mais e mais peças. Que podem (ou não) se interligarem.

A matéria pictórica parece flutuar em sua superfície mais próxima de nossas retinas, naquela camada que se constitui pela abrasão e apagamento de fragmentos de camadas anteriores. Tempo e memória subtraem detalhes e acentuam ambigüidades.